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Aerial imagem of an overflight for monitoring deforestation in the Amazon, in Lábrea, Amazonas state, on March 26th, 2022.
Imagem aérea de sobrevoo de monitoramento de desmatamento na Amazônia no município de Lábrea, Amazonas, realizado em 26 de março de 2022.

DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA CHEGA A QUASE 10 MIL KM² DE JANEIRO A OUTUBRO E INVADE MAIOR BLOCO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO MUNDO

Floresta Estadual do Paru, no Pará, onde está a maior árvore do bioma, foi a quinta unidade de conservação mais desmatada em outubro

por Imazon

Enquanto líderes mundiais discutem como reduzir as emissões de gases do efeito estufa na Conferência do Clima, a COP 27, o desmatamento segue avançando em ritmo acelerado na Amazônia. De janeiro a outubro, foram derrubados quase 10 mil km² de floresta, o equivalente a mais de seis vezes a cidade de São Paulo. E o pior: a derrubada está avançando sobre o Norte do Pará, onde está o maior bloco de áreas protegidas do mundo e a maior árvore do bioma.

Esse foi o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, sendo apenas 0,5% menor do que o mesmo período em 2021. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008.

O fato do Brasil não ter conseguido barrar o aumento da derrubada da Amazônia nos últimos anos tem contribuído para o crescimento das emissões de gases do efeito estufa, que tiveram no ano passado a maior alta em quase duas décadas. Atualmente, o Brasil é o quinto maior emissor do mundo e, em 2021, o setor de mudança no uso da terra foi responsável por quase metade das emissões do país. Isso ocorreu principalmente devido ao aumento do desmatamento da Amazônia, região responsável por 77% das emissões causadas pela mudança no uso da terra, conforme o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

“Entre os dez municípios brasileiros que mais emitem gases do efeito estufa, oito estão na Amazônia, de acordo com o SEEG. O segundo município que mais emite no Brasil é São Félix do Xingu, no Pará, que no mês de outubro ficou em terceiro lugar no ranking dos mais desmatados na Amazônia. Isso torna ainda mais evidente a relação entre a perda de floresta e o aumento do aquecimento global”, afirma Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.

Apenas em outubro, a Amazônia teve 627 km² desmatados, uma área quase três vezes o tamanho de Recife. Essa devastação foi a terceira maior da série histórica para o mês, ficando atrás apenas do registrado em 2020 e de 2021.

Derrubada avança sob floresta estadual onde está a maior árvore do bioma

Somente o Pará foi responsável por desmatar 351 km² em outubro, 56% do que foi registrado em toda a Amazônia. Destruição que tem invadido áreas protegidas do estado, onde estão sete das 10 unidades de conservação e quatro das 10 terras indígenas mais desmatadas em outubro. O território Apyterewa, que vem sofrendo mensalmente com a invasão de desmatadores ilegais, concentrou 46% do total de floresta destruída dentro das terras indígenas da Amazônia.

Além disso, a derrubada da floresta está se aproximando da região Norte do Pará, onde está o maior bloco de áreas protegidas no mundo. Uma delas é a Floresta Estadual do Paru, que ficou em 5° lugar no ranking das unidades de conservação mais desmatadas na Amazônia. O local ganhou repercussão internacional após uma expedição apoiada pelo Imazon, em setembro, ter encontrado a maior árvore da Amazônia: um angelim-vermelho de 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência.

“É desesperador ver o desmatamento invadindo a Flota do Paru, unidade de conservação que o Imazon ajudou a criar e apoia a implementação há 16 anos. Estamos vendo a grilagem e o garimpo avançarem no território, colocando em risco o extrativismo de castanha-do-pará e o manejo florestal, práticas sustentáveis. Além da maior árvore da Amazônia, a Flota do Paru também tem diversas espécies endêmicas, como são chamadas aquelas que só existem em uma determinada região. Também é uma área importante para conter as mudanças climáticas e possui um potencial enorme de ecoturismo e extrativismo vegetal, podendo gerar renda com a floresta em pé. Por isso, não podemos perder nosso patrimônio para esses infratores, precisamos da fiscalização e da implementação efetiva do plano de manejo para barrar a destruição”, afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota do Paru.

Degradação florestal cresceu 183% em outubro

Outro problema apontado pelo monitoramento do instituto foi a alta na degradação florestal causada pelas queimadas e pela exploração madeireira. Esse dano ambiental passou de 537 km² em outubro de 2021 para 1.519 km² no mês passado, um aumento de 183%. Entre os estados, os maiores responsáveis pela degradação foram Mato Grosso (74%) e Pará (19%).

“Por meio das imagens de satélite, conseguimos identificar a maior ocorrência de queimadas, o que contribuiu para a alta da degradação. Além de aumentarem a emissão de gases do efeito estufa, esses incêndios oferecem risco à saúde pública. Existem diversos estudos que associam a fumaça proveniente das queimadas da Amazônia com problemas respiratórios, o que afeta mais gravemente idosos e crianças. E isso não se limita apenas à população amazônica, já que essa fumaça viaja por quilômetros no ar até chegar a outras regiões do Brasil”, observa Bianca.

Clique aqui para ver os dados de outubro.

Saiba mais sobre o SAD aqui.

Foto: Área desmatada neste ano em Lábrea, no Amazonas, município que tem aparecido com frequência no ranking dos que mais desmatam na Amazônia / Christian BragaGreenpeace

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