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DE ONDE VEM A CARNE QUE COMEMOS?

De onde vem a carne que comemos?

Cerca de 40% do rebanho brasileiro está na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo.
Pelo menos 89 milhões dos mais de 214 milhões de bovinos criados no Brasil estão nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão. Por isso, há grandes chances de que o boi que você – e o resto do mundo – esteja consumindo tenha pastado onde um dia já foi floresta amazônica.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne bovina e o maior exportador. O país produz 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. A atividade tem importância fundamental para a economia brasileira – corresponde a 32% do PIB do agronegócio. Em 2020 foram produzidas 10,10 milhões de toneladas equivalente carcaça de carne bovina no Brasil, sendo 5,9 milhões para consumo interno (74%) e 2,7 milhões (26%) destinadas ao mercado externo. O problema é que a maneira que a carne ainda hoje é produzida gera um grande impacto ambiental.

Por que devemos nos preocupar com a origem da carne que consumimos?

A criação de gado é o principal motor do desmatamento na Amazônia: segundo estudos o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do projeto Amazônia 2030, pastos para o gado cobrem cerca de 90% da área total desmatada, e mais de 90% do desmatamento total é ilegal.

O Mapbiomas, rede de especialistas que monitora as transformações no uso da terra, estima que cerca de 10% da área total da Amazônia – 52,9 milhões de hectares – já tenham sido transformados em pasto.

O desmatamento coloca em risco a existência da maior floresta tropical do planeta, causa perda de biodiversidade e ainda ameaça o clima no Brasil e no mundo. Isso porque a Amazônia guarda uma enorme quantidade de carbono em seu ecossistema. A devastação da floresta libera o estoque de carbono armazenado em troncos e folhas (o equivalente a quase uma década de emissões globais de gases de efeito estufa), contribuindo não só para o avanço das mudanças climáticas como para a própria destruição da floresta e, consequentemente, de um importante mecanismo de regulação do clima global e regional.
Além disso, a transpiração das árvores na Amazônia movimenta correntes de vapor d’água responsáveis por cerca de 70% das chuvas das chuvas no Sul e Sudeste do Brasil, regiões que concentram parte importante da agricultura do país. Isso significa que o desmatamento pode afetar até a produção de alimentos – e o preço deles no supermercado.

Como saber se carne que eu compro pode ter causado desmatamento?

É muito difícil ter certeza de que a carne que consumimos não causou desmatamento durante sua produção.
Isso acontece por conta da maneira como funciona a cadeia de produção de carne bovina no Brasil.

São três anos e um longo caminho desde que o boi nasce até sua carne estar pronta para o consumo. Em muitos casos, o boi passa por diversas fazendas em seu ciclo de vida – isso significa diversas áreas de pastagem abertas onde um dia já foi floresta amazônica.
Os animais costumam nascer em uma fazenda especializada na reprodução do gado, as fazendas de cria. Depois que os bezerros são desmamados, costumam ser enviados a fazendas de recria, onde passam por um período de engorda de até um ano e meio. Nessa fase, passam para a fazenda onde ficarão até o momento do abate, para ganhar mais peso. São as fazendas de engorda que vendem os animais para os frigoríficos, onde eles são abatidos. A carne pode ser processada – e virar de espetinho a hambúrguer – nos próprios frigoríficos ou em outras empresas especializadas nesses preparos (as processadoras). De lá, chegam aos supermercados – e às mãos dos consumidores.
Como o ciclo de produção é longo e fragmentado – os animais podem passar por diversas fazendas – é difícil para o consumidor, na ponta final dessa cadeia, ter a informação sobre o cumprimento da legislação socioambiental de todos os produtores envolvidos no processo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo menos um terço das fazendas que criam gado no Brasil são de cria e recria.
Em uma iniciativa pioneira, o Radar Verde revela publicamente para os consumidores o grau de controle que frigoríficos e supermercados têm sobre o combate ao desmatamento em cada elo da cadeia de produção da carne que vendem. Dessa maneira, é possível dar preferência a empresas que tenham políticas socioambientais rigorosas para garantir que seus fornecedores – diretos e indiretos – tenham tolerância zero ao desmatamento.
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