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Municípios da Amazônia lideram ranking de maiores emissores de gases de efeito estufa

Oito das dez cidades que mais emitiram no Brasil estão dentro do bioma, onde desmatamento é a principal fonte de emissões

CRISTIANE PRIZIBISCZKI, no O Eco

No ranking das dez cidades que mais emitiram gases de efeito estufa no país, oito estão na Amazônia, onde o desmatamento é a principal fonte de emissão. Juntos, apenas esses dez municípios emitiram 198 milhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e) em 2019. Isso é mais do que o total de emissões de países como Peru e Holanda, revela levantamento divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Observatório do Clima.

Chamado de SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases) Municípios, o levantamento está em sua segunda edição. Os dados divulgados hoje são referentes a 2019, mas, na plataforma, é possível pesquisar as emissões anuais do período compreendido entre 2000 e 2019.

Altamira e São Félix do Xingu, ambos no Pará, lideram a lista, seguidos por Porto Velho (AM), Lábrea (AM), São Paulo (SP), Pacajá (PA), Novo Progresso (PA), Rio de Janeiro (RJ), Colniza (MT) e Apuí (AM). 

Em todos os municípios da Amazônia, o setor responsável pela emissão foi o de mudança de uso da terra e florestas. Isto é, desmatamento e queimadas. Em São Paulo, o responsável pelas emissões foi o setor de Energia, o que inclui as emissões provenientes do transporte, e no Rio de Janeiro, o setor de Resíduos.

Somente em Altamira, líder do ranking, as emissões atingiram 35,2 MtCO2 em 2019. Se fosse um país, Altamira estaria à frente da Suécia e Noruega, segundo dados do ranking global de emissões do World Resources Institute.

Os municípios da Amazônia também encabeçam o ranking de emissões por habitante: dos 10 municípios com mais emissões per capita, seis estão no Mato Grosso, três no Pará e 1 no Amazonas.

Novo Progresso, que tem registrado altos índices de desmatamento por conta da BR-163, as emissões por habitante chegam a 580 toneladas de CO2e por ano. É como se cada morador de Novo Progresso tivesse mais de 500 carros rodando 20 km por dia com gasolina. A média global é de 7 toneladas de CO2e ao ano por habitante.

O município campeão em remoções líquidas – quando se subtrai as remoções de carbono das emissões –, curiosamente, também foi Altamira (PA). Segundo o levantamento, isso se deve às grandes áreas protegidas existentes no município, o que salienta a importância de se criar e manter Unidades de Conservação e Terras Indígenas (TIs).

Municípios de todo país

O SEEG Municípios não contabilizou somente as emissões dos dez maiores poluidores do Brasil. O estudo abrangeu as 5.570 cidades do país, incluindo mais de uma centena de fontes de emissão nos setores de energia, indústria, agropecuária, tratamento de resíduos e mudança de uso da terra e florestas.

Segundo o levantamento, a Agropecuária é o principal emissor para 3.731 municípios brasileiros (67%). A mudança de uso da terra e florestas é o maior emissor para 1.004 municípios (18%); o setor de Energia, para 755 municípios (13,6%), o de Resíduos, para 62 municípios (1,1%) e os Processos Industriais, para 19 cidades (0,3%).

No setor da Agropecuária, se destaca a fonte “gado de corte”. As maiores emissões do setor, no entanto, não estão relacionadas ao ganho de renda para o município. Quando cruzados os dados de emissão com o valor do PIB Agropecuário, o SEEG constatou que não há relação entre os dois fatores. Isto é, os maiores emissores do setor agropecuário não são os que apresentaram os maiores PIBs.

O setor de energia, em especial por causa dos transportes, se destaca como maior fonte de emissão nas grandes cidades, principalmente as capitais. São Paulo lidera as emissões, com 11,9 MtCO2e, seguido por Manaus (7,5 MtCO2e) e Rio de Janeiro (5,6 MtCO2e).

O setor de resíduos, embora represente apenas 5% das emissões brutas do Brasil, é uma fonte de emissões importante para as cidades – especialmente as mais populosas. O Rio lidera esse setor, com 5,5 MtCO2e.

 “Sem os municípios e políticas locais de redução de emissões não há esperança para a meta de limitar o aquecimento global em 1,5oC até o final do século”, afirma Tasso Azevedo, coordenador geral do SEEG”.

Esta reportagem foi, originalmente, publicada no O Eco, em 14 de junho de 2022.

Foto: Greenpeace

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