O Radar Verde – único indicador independente do país a avaliar a cadeia da carne brasileira – inicia seu novo ciclo de pesquisa a partir desta segunda-feira, dia 9 de junho. Este ano, 151 frigoríficos com plantas ativas na Amazônia Legal e os 100 maiores varejistas em faturamento de acordo com a lista da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de 2024, estão convidados a participar da pesquisa e mostrar que estão se empenhando para vender carne livre de desmatamento. Embora haja muitos investimentos nos setores de ESG dentro das corporações, o último do Radar Verde evidenciou que nenhuma das empresas mapeadas naquele ano possuíam total controle da cadeia da carne.
Em sua quarta edição, o Radar Verde divulga, ao final do ciclo da pesquisa, uma lista, classificando as empresas de acordo com o grau de controle e transparência de sua cadeia de fornecimento. A avaliação do Radar Verde é feita com base em dados públicos. Contudo, as empresas podem complementar suas respostas – e aumentar as chances de obter uma nota alta – respondendo ao questionário de o grau de controle da cadeia até o dia 9 de julho. Leia aqui a metodologia completa.
Para os frigoríficos, além do grau de controle da cadeia, o Radar Verde também avalia o grau de exposição ao risco de desmatamento e o grau de compromisso contra o desmatamento. De acordo com o último levantamento, algumas dessas empresas já têm um bom controle de seus fornecedores diretos, ou seja, a fazenda da qual compram os animais para o abate. No entanto, a maioria ainda não avançou em políticas de rastreamento robusto dos fornecedores indiretos, ou seja, as outras propriedades pelas quais os animais passam ao longo da vida.
No Brasil, a pecuária é uma das atividades que mais desmata e emite gases do efeito estufa. Pelo menos 90% do desmatamento da maior floresta tropical do planeta, onde está mais de 40% do rebanho bovino do país, está associado a essa atividade. Diminuir os impactos da pecuária é estratégico para mitigar os efeitos da mudança do clima e uma questão econômica, não só pela importância que a atividade tem para o país. Eventos associados ao clima já causaram ao Brasil danos materiais de mais de R$ 420 bilhões entre 2014 e 2023, com quase 5 milhões de pessoas atingidas diretamente, estima o relatório Tá Lá No Gráfico, do Instituto Talanoa.
Nesse contexto, o Radar Verde é uma ferramenta estratégica, pois fornece informações relevantes aos acionistas dessas empresas e ao setor financeiro, responsáveis pela concessão de crédito aos frigoríficos e supermercados. O instrumento também é útil para os consumidores de carne bovina, que podem utilizá-lo para tomar decisões sobre o consumo livre de desmatamento no processo de produção.
“Neste ano de COP 30 na Amazônia, diversas empresas e governos assumiram compromissos públicos com rastreabilidade da cadeia da carne e eliminação do desmatamento na produção”, afirma Alexandre Mansur, diretor de projetos do O Mundo Que Queremos, instituição que coordena a pesquisa junto com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). “A pesquisa do Radar Verde é hoje a principal – senão a única – ferramenta capaz de mostrar quem realmente está avançando”, completa.