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GPA é o supermercado com maior controle da cadeia da carne para evitar desmatamento da Amazônia

Carrefour, Assaí e Cencosud Brasil também apresentam evidências de controle ambiental da cadeia de fornecedores, mas políticas ainda precisam melhorar, aponta Radar Verde

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) é o varejista com maior controle sobre a cadeia de fornecimento de carne bovina, contudo conseguiu uma nota de apenas 53 pontos em uma escala de 0 a 100, segundo o relatório do Radar Verde 2024. Apesar de liderar o ranking, o desempenho do GPA, assim como o de outros varejistas, ainda exige melhorias significativas. Carrefour (48), Assaí (48) e Cencosud Brasil (7) também apresentaram práticas voltadas ao controle ambiental da cadeia de fornecedores. Todas as outras empresas avaliadas receberam nota zero. O estudo analisou dados públicos e avaliou as políticas de sustentabilidade de 67 grandes varejistas brasileiros, destacando os desafios contínuos na luta contra o desmatamento na maior floresta tropical do mundo.

Apenas o GPA, Carrefour e Assaí realizam auditorias das fazendas fornecedoras diretas, como parte de suas estratégias para garantir práticas sustentáveis. Essas auditorias são fundamentais para assegurar que as normas estabelecidas estão sendo cumpridas. Os resultados da pesquisa Radar Verde surgem em um cenário onde a atividade agropecuária é responsável por 95,7% do desmatamento no Brasil, segundo o Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas, contribuindo significativamente para as emissões de gases de efeito estufa.

“Esses resultados são uma chamada à ação para todos — varejistas, consumidores, investidores, financiadores e formuladores de políticas públicas. Ao destacar as lacunas e os avanços nas políticas de sustentabilidade das empresas, o Radar Verde fornece informações essenciais para decisões conscientes de consumo e investimento, incentivando uma transformação sustentável no setor”, afirma Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, organização que em parceria com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), realiza a pesquisa Radar Verde anualmente.

Aprimoramento da metodologia

O Radar Verde faz levantamentos sobre o controle ambiental de frigoríficos e varejistas desde 2022. Esta é a primeira vez que apresenta um ranking com as notas detalhadas de cada varejista, um aprimoramento significativo na metodologia da pesquisa. Essa nova abordagem permite uma análise mais transparente e comparativa, oferecendo um panorama claro sobre o comprometimento de cada empresa em evitar o desmatamento na Amazônia e adotar práticas mais sustentáveis.

“O Radar Verde convida os varejistas a intensificarem seus esforços para garantir um controle mais rigoroso e transparente, enquanto consumidores e investidores têm o poder de cobrar por essas mudanças, promovendo um mercado mais responsável e comprometido com o futuro da Amazônia. Com o ranking, os consumidores podem priorizar o supermercado com melhor controle na hora de comprar carne. Suas escolhas podem fazer a diferença, incentivando as empresas a aprimorar seus sistemas de rastreabilidade”, afirma Mansur.

Importância do setor privado para a sustentabilidade

A agropecuária continua sendo a principal causa do desmatamento no Brasil, devastando 1,96 milhão de hectares de floresta. Nesse contexto, o compromisso do setor privado é fundamental. Boas práticas de controle e transparência ajudam a preservar a Amazônia e contribuem para a competitividade do varejo. Ao adotar políticas robustas de desmatamento zero e serem transparentes em suas cadeias de fornecimento, os varejistas podem se diferenciar no mercado e conquistar a confiança de consumidores cada vez mais atentos à origem e impacto ambiental dos produtos que consomem.

“Os supermercados dependem fortemente da capacidade de controle dos frigoríficos. Até o ano passado, os frigoríficos brasileiros não demonstravam a capacidade de rastrear toda a cadeia de fornecimento de carne. Como nenhum frigorífico controla completamente essa cadeia, é essencial que os varejistas, ao menos, façam uma gestão mais ativa junto aos seus fornecedores, estimulando práticas mais responsáveis e sustentáveis. Uma alternativa seria priorizar fornecedores que não operam em áreas da Amazônia”, afirma Ritaumaria Pereira, diretora executiva do Imazon e coordenadora do Radar Verde.

O Radar Verde já iniciou a segunda fase da pesquisa, que está avaliando a transparência e controle de frigoríficos na cadeia de fornecimento de carne bovina. Os resultados dessa etapa serão publicados até dezembro deste ano, trazendo novos dados sobre o impacto do setor na Amazônia.

Sobre o Radar Verde

O Radar Verde é um índice independente que avalia as políticas e práticas de frigoríficos e varejistas. O indicador considera a existência de compromissos públicos contra o desmatamento, a implementação de políticas de controle na cadeia de fornecimento de carne e a transparência das informações divulgadas por essas empresas, reafirmando o compromisso dessas organizações com a promoção de práticas sustentáveis e com a proteção da Amazônia. A segunda fase da pesquisa já está em andamento e está avaliando os frigoríficos. Os resultados estão previstos para serem publicados até dezembro deste ano.

foto: depositphotos

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